quinta-feira, 6 de outubro de 2011

“Você é brasileira? Samba aí pra mim.”

Não houve quem fizesse parte do mundo das interwebs que não tenha ficado sabendo, ao menos por alto, do imbróglio envolvendo Gisele Bündchen. Gi, a campanha da Hope, a Ministra Iriny Lopes. Sabe? Então.
Não sei se por influência das aulas de feminismo que tenho tido recentemente, talvez sim, mas esse caso entre tantos outros comentados no twitter particularmente me chamou atenção. E não apenas pelo conteúdo sexista (sexista, SIM!), mas principalmente pelo contorno que as já esperadas discussões têm tomado. Pouco me agradou, por exemplo, o enfoque que parte da imprensa deu ao caso, tratando o pedido da Ministra como um ataque pessoal à (beleza de) Gi. A insinuação de que há uma batalha barangas X gostosas é, no mínimo, muito perigosa. Além de burra.
Fora a lenha na fogueira midiática, me preocupa também ver mulheres atacando mulheres que, por sua vez, atacaram a propaganda (Inception?).  Muitos dos comentários femininos que li no blog da Lola criticam sua postura de permanecer contra a veiculação propaganda. Mas será que elas não veem que estão dando um tiro no pé? O estereótipo de erotização exacerbada feminina e, principalmente brasileira (já chegaremos nesse ponto), atinge a todas nós, em igualdade. E onde estão os argumentos? Tudo o que li foi inveja, inveja, inveja. O debate tem sido até certo ponto, saudável, mas, por favor, tenhamos argumentos.  O “você tem é inveja” é, por excelência, a desculpa dos preguiçosos (posso usar esse eufemismo fofo?)

“Você é brasileira, use seu charme”           

Está claro, ao menos para mim, que a Hope presta um desserviço a nós, mulheres brasileiras, mundialmente conhecidas por nossas curvas sinuosas, quando veicula uma propaganda de alcance das massas que só reforça um estereótipo tão difundido. Posso citar n casos de mulheres brasileiras que já sofreram com o peso do preconceito no exterior. Casos em que a vítima fui eu, inclusive.
Vejam bem, não estou de forma alguma negando a volúpia que nos é característica. O que não pode ser feito é reduzir a brasileira à figura da gostosona – somos muito mais do que isso. E é aí que entra Gisele. Ativista, engajada com a causa do meio ambiente, inclusive, mas que se prestou a um papel que nos diminuiu. Precisava, Gi? Isso sem contar a propaganda da SKY, essa nem proibida, mas isso já é assunto para outro post.

Obs: o título do post é a reprodução de uma fala que ouvi quando fiz intercâmbio. Tinha 15 anos. Estava em sala de aula.